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Os Tipos de Aterramento Elétrico e Suas Aplicações na Prática

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    Elétrica Sustentável Automatizada
  • 13 de jul.
  • 5 min de leitura

O aterramento elétrico é um dos pilares da segurança em qualquer instalação, seja ela residencial, comercial ou industrial. Mais do que apenas "enfiar uma haste na terra", ele é um sistema complexo que protege pessoas e equipamentos contra sobrecargas, curtos-circuitos e descargas atmosféricas. Mas você sabia que existem diferentes tipos de aterramento, cada um com suas características e aplicações específicas?

Neste post, vamos mergulhar nos principais sistemas de aterramento utilizados, entender seus componentes, onde são mais indicados e algumas curiosidades sobre esse elemento vital da eletricidade.


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Por Que Aterrar? A Importância Crucial do Sistema


Antes de conhecer os tipos, é fundamental entender o propósito do aterramento. Basicamente, o aterramento cria um caminho de baixa resistência para que a corrente elétrica em excesso ou falhas (como um curto-circuito) possa ser dissipada com segurança para a terra. Sem ele, a corrente buscaria outros caminhos, como o corpo de uma pessoa que toca em um equipamento com defeito, resultando em choques elétricos perigosos ou danos irreversíveis aos aparelhos.


Os Principais Tipos de Aterramento Elétrico (Sistemas TN, TT e IT)


A norma brasileira NBR 5410, que estabelece as condições para instalações elétricas de baixa tensão, define os sistemas de aterramento com base em duas letras:


  • Primeira letra (T ou I): Indica a relação da alimentação com a terra.

    • T (Terra): Pelo menos um ponto do sistema de alimentação é diretamente aterrado.

    • I (Isolado): As partes vivas do sistema de alimentação são isoladas da terra, ou então um ponto é aterrado através de uma impedância elevada.


  • Segunda letra (T ou N): Indica a relação das massas (partes metálicas das instalações que não deveriam estar energizadas, mas podem ficar em caso de falha) com a terra.

    • T (Terra): As massas são aterradas independentemente do aterramento da alimentação.

    • N (Neutro): As massas são ligadas diretamente ao ponto aterrado da alimentação (normalmente o neutro).


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A partir dessas combinações, surgem os sistemas mais comuns:


1. Sistema TN


É o tipo mais utilizado no Brasil e na maioria das instalações modernas. Nele, a alimentação possui um ponto diretamente aterrado (geralmente o neutro do transformador), e as massas da instalação são conectadas a esse ponto aterrado.


  • Subdivisões do TN:


    • TN-S (Separate): Condutor neutro (N) e condutor de proteção (PE) são separados em todo o sistema. É o mais seguro e recomendado, especialmente para instalações maiores e mais sensíveis.

      • Componentes Típicos: Transformador, barramento de aterramento (BEP), condutor neutro, condutor de proteção, eletrodos de aterramento (hastes, malhas).

      • Aplicação na Prática: Hospitais, data centers, indústrias com equipamentos eletrônicos sensíveis. Oferece alta proteção contra ruídos elétricos.

      • Dificuldade de Aplicação: Demanda mais condutores e, portanto, maior custo e espaço nos quadros, mas a segurança e qualidade compensam.


    • TN-C (Combined): O condutor neutro (N) e o condutor de proteção (PE) são combinados em um único condutor, chamado PEN (Proteção e Neutro).

      • Componentes Típicos: Transformador, condutor PEN (neutro + proteção), eletrodos de aterramento.

      • Aplicação na Prática: Instalações mais antigas ou onde o custo é uma limitação severa, geralmente em trechos curtos.

      • Dificuldade de Aplicação: Mais simples de instalar, mas com desvantagens significativas. Não permite o uso de dispositivos DR (Diferencial Residual) em todo o circuito e, em caso de interrupção do PEN, as massas podem ficar energizadas. Não é permitido em instalações residenciais e comerciais novas no Brasil.


    • TN-C-S (Combined-Separate): Combina os dois: o condutor PEN é usado no início da instalação (geralmente na entrada) e depois é separado em condutor neutro (N) e condutor de proteção (PE).

      • Componentes Típicos: Transformador, condutor PEN, barramento de aterramento (onde o PEN é dividido), condutor neutro, condutor de proteção, eletrodos de aterramento.

      • Aplicação na Prática: Bastante comum em redes de distribuição e instalações industriais onde a alimentação vem do poste (transformador da concessionária).

      • Dificuldade de Aplicação: Intermediário em termos de complexidade. É uma solução de compromisso entre custo e segurança.


2. Sistema TT


Neste sistema, a alimentação possui um ponto diretamente aterrado (geralmente o neutro), mas as massas da instalação são aterradas de forma independente, com seu próprio eletrodo de aterramento. Não há conexão entre o aterramento das massas e o aterramento da fonte na própria instalação.


  • Componentes Típicos: Transformador, eletrodo de aterramento da fonte, eletrodo de aterramento das massas (separado), dispositivos DR (obrigatórios).

  • Aplicação na Prática: Muito usado em locais onde a concessionária não fornece o neutro aterrado (ou a confiabilidade do aterramento da rede é duvidosa) ou em instalações rurais, pois cada edificação faz seu próprio aterramento. Também comum em canteiros de obra.

  • Dificuldade de Aplicação: Exige um sistema de aterramento local muito eficiente para as massas. É mandatório o uso de dispositivos de proteção a corrente diferencial residual (DRs) para garantir a segurança, pois a corrente de falta no solo pode ser menor e não desarmar disjuntores comuns.


3. Sistema IT


No sistema IT, as partes vivas da alimentação são isoladas da terra, ou um ponto é aterrado através de uma impedância elevada. As massas da instalação são aterradas separadamente.


  • Componentes Típicos: Transformador isolador, monitor de isolamento (dispositivo que detecta falhas de isolamento), eletrodo de aterramento das massas.

  • Aplicação na Prática: Ambientes onde a interrupção do fornecimento de energia é inaceitável, mesmo em caso de uma primeira falha de isolamento. Exemplos incluem centros cirúrgicos em hospitais, processos industriais críticos, onde a continuidade da operação é primordial.

  • Dificuldade de Aplicação: Mais complexo e caro de implementar, pois exige transformadores isoladores e sistemas de monitoramento de isolamento contínuo. A primeira falha de isolamento não causa desligamento, mas a segunda sim.


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Componentes Essenciais de um Sistema de Aterramento


Independentemente do tipo, um sistema de aterramento eficiente depende de alguns componentes chave:


  • Eletrodos de Aterramento: São os elementos que fazem o contato direto com o solo para dissipar a corrente. Podem ser hastes cobreadas (as mais comuns), cabos enterrados em valas (cordoalhas), malhas de aterramento (em grandes instalações) ou até mesmo estruturas metálicas enterradas. A escolha depende da resistividade do solo e da corrente a ser dissipada.


  • Condutores de Proteção (PE): São os fios que conectam as massas metálicas dos equipamentos ao sistema de aterramento principal. Devem ser dimensionados corretamente para suportar as correntes de falta.


  • Barramento de Equipotencialização Principal (BEP): É o ponto central onde todos os condutores de proteção, as malhas de aterramento, o neutro da instalação (se aplicável) e as tubulações metálicas são interligados para garantir que todas as partes metálicas estejam no mesmo potencial elétrico.


  • Dispositivos de Proteção: Disjuntores e, principalmente, os Dispositivos Diferenciais Residuais (DRs) são cruciais. Os DRs monitoram a corrente que entra e sai de um circuito; se houver uma diferença (indicando fuga para a terra), ele desarma, protegendo contra choques.


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Curiosidades e Dicas Práticas


  • Resistividade do Solo: O solo não é um condutor perfeito. Sua capacidade de conduzir eletricidade varia muito, sendo influenciada pela umidade, composição (argila, areia, rocha) e temperatura. Solos argilosos e úmidos conduzem melhor que solos arenosos e secos.


  • Manutenção é Essencial: O aterramento não é "instalar e esquecer". Com o tempo, a corrosão e as mudanças na umidade do solo podem afetar sua eficácia. Testes periódicos da resistência de aterramento são recomendados.


  • Descargas Atmosféricas: O aterramento é a primeira linha de defesa contra raios. Um bom sistema de aterramento é fundamental para um Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA), conhecido popularmente como para-raios.


  • Cuidado com o "Gambi" de Aterramento: Ligar o fio terra a canos d'água ou estruturas metálicas não projetadas para aterramento é extremamente perigoso e não garante a proteção adequada. Sempre utilize um sistema de aterramento projetado por um profissional qualificado.


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O aterramento elétrico é um investimento em segurança. Conhecer os diferentes tipos – TN (S, C, C-S), TT e IT – e suas características permite escolher a solução mais adequada para cada instalação, garantindo a proteção de pessoas e o bom funcionamento dos equipamentos. Lembre-se: em caso de dúvida, sempre procure um eletricista ou engenheiro eletricista qualificado para projetar e executar o sistema de aterramento da sua propriedade.


Precisa de um sistema de aterramento para a sua instalação?




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Redação de Artigos

O conteúdo descrito neste site e páginas de redes sociais relacionadas a ele foram redigidos por Sabrina Levi Dmitriev.
 

Uma engenheira de minas e engenheira elétrica brasileira, apaixonada por desvendar os segredos da terra e da energia. Com um olhar curioso e uma mente analítica, explora as profundezas das minas e os labirintos dos sistemas elétricos, buscando soluções inovadoras e sustentáveis para o mundo.
 

Formação:

  • Engenharia de Minas [UNICAMP]

  • Engenharia Elétrica [PUC-SP]

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