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Guia Essencial: SPDA e PDA na Engenharia Elétrica – Entenda as Diferenças e Aplicações

  • Foto do escritor: Elétrica  Sustentável Automatizada
    Elétrica Sustentável Automatizada
  • 26 de jun.
  • 4 min de leitura

Descargas atmosféricas, popularmente conhecidas como raios, são fenômenos naturais de grande poder destrutivo, capazes de causar danos severos a edificações, equipamentos elétricos e eletrônicos, e até mesmo colocar vidas em risco. Para mitigar esses perigos, a engenharia elétrica desenvolveu sistemas robustos de proteção, com destaque para o SPDA (Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas) e o PDA (Para-raios de Ponta Ativa). Embora ambos visem proteger contra raios, suas abordagens e princípios de funcionamento são distintos.


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O que são SPDA e PDA?


Antes de mergulharmos nas diferenças, vamos entender o que cada termo significa:


  • SPDA (Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas): É um conjunto completo de medidas e componentes projetados para interceptar uma descarga atmosférica direta, conduzir a corrente do raio com segurança para o solo e dissipá-la. Seu objetivo é proteger a estrutura contra danos físicos e incêndios, além de reduzir o risco de choques elétricos. O SPDA é amplamente abordado pela norma técnica brasileira NBR 5419.


  • PDA (Para-raios de Ponta Ativa): Também conhecido como para-raios de ionização ou "para-raios radioativo" (termo antigo e impreciso, pois os modelos atuais não utilizam material radioativo), o PDA é um tipo específico de captor que, teoricamente, teria a capacidade de atrair o raio para si de forma "antecipada" ou "ativa", antes mesmo que o líder do raio atingisse o solo ou outra parte da edificação. O PDA busca criar um ponto de atração preferencial para o raio.


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Princípio de Funcionamento


SPDA Convencional (comum):


O SPDA, em suas configurações mais comuns (como o Franklin e o Gaiola de Faraday), funciona com base no princípio da interceptação, condução e dissipação.


  1. Interceptação: Um conjunto de captores (hastes, cabos, malhas) é instalado na parte mais alta da edificação para interceptar diretamente a descarga atmosférica.


  2. Condução: A corrente do raio é conduzida de forma segura por condutores de descida (cabos de cobre ou alumínio) até o sistema de aterramento. Esses condutores são dimensionados para suportar a alta corrente do raio sem superaquecer ou serem danificados.


  3. Dissipação: A energia do raio é dissipada no solo através de um sistema de aterramento de baixa impedância, composto por eletrodos (hastes, malhas) enterrados no solo. Um aterramento eficiente é crucial para a segurança do sistema.


Além desses componentes principais, um SPDA completo também inclui:


  • Equipotencialização: Conexão das massas metálicas da edificação ao sistema de aterramento para evitar diferenças de potencial perigosas.


  • DPS (Dispositivos de Proteção contra Surtos): Componentes instalados nos quadros elétricos para proteger equipamentos eletrônicos de surtos de tensão induzidos pelo raio ou por descargas indiretas.


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PDA (Para-raios de Ponta Ativa):


O princípio de funcionamento do PDA se baseia na antecipação do líder ascendente. A teoria por trás do PDA é que ele, ao acumular carga em sua ponta, cria um campo elétrico intensificado que "lançaria" um traçador ascendente antes que o campo elétrico natural atingisse o ponto crítico para a formação do traçador ascendente de um para-raios comum. Dessa forma, o PDA "atrairia" o raio para si em um raio de proteção maior do que o de um para-raios convencional.


Diferenças Cruciais entre SPDA e PDA


Característica

SPDA Convencional (Franklin, Gaiola de Faraday)

PDA (Para-raios de Ponta Ativa)

Princípio de Ação

Intercepta o raio que atinge a estrutura, conduzindo-o para o solo. Proteção passiva.

Pretende "antecipar" a atração do raio, gerando um traçador ascendente. Proteção "ativa".

Normatização

Amplamente normatizado pela ABNT NBR 5419. É a solução mais aceita e utilizada no Brasil e no mundo, com métodos de cálculo e instalação bem definidos.

Sua eficácia e o raio de proteção estendido são controversos e não são amplamente reconhecidos pelas normas técnicas brasileiras e internacionais mais recentes (como a NBR 5419:2015 e as normas IEC). A NBR 5419:2015, inclusive, retirou a menção a esse tipo de captor.

Abrangência

Proteção da edificação como um todo, com base em um sistema integrado de captores, condutores e aterramento, dimensionado conforme o nível de proteção necessário.

O PDA é apenas um tipo de captor. Mesmo que fosse eficaz, precisaria de um sistema de descida e aterramento completo para funcionar, assim como um SPDA convencional.

Confiabilidade

Alta, com base em décadas de pesquisa e aplicação prática, seguindo padrões normativos rigorosos.

Questionável em termos de eficácia comprovada e capacidade de proteção real. Há debates significativos na comunidade técnica sobre sua validade e superioridade em relação aos sistemas convencionais.

Manutenção/Testes

Requer inspeções e manutenções periódicas, incluindo medição de resistência de aterramento.

A manutenção e os testes podem ser mais complexos devido à natureza "ativa" do dispositivo, e a avaliação de sua funcionalidade pode ser mais difícil de comprovar em campo.


Composição de um Sistema SPDA (Visão Geral)


Um sistema SPDA completo, conforme a NBR 5419, é composto por:


  1. Subsistema de Captação (Captor): Responsável por interceptar a descarga atmosférica. Pode ser feito por:


    • Hastes: Pontas metálicas que se elevam sobre a estrutura (ex: Franklin).


    • Cabos Aéreos: Condutores que formam uma "gaiola" sobre a estrutura (ex: Gaiola de Faraday).


    • Condutores Naturais: Partes metálicas da própria estrutura que podem ser utilizadas como captores.


  2. Subsistema de Descida: Conduz a corrente do raio do subsistema de captação para o subsistema de aterramento. É composto por cabos condutores dimensionados para suportar altas correntes.


  3. Subsistema de Aterramento: Dispersa a corrente do raio no solo. Consiste em eletrodos enterrados (hastes, malhas, anéis) com baixa resistência de aterramento.


  4. Subsistema de Equipotencialização: Conecta todas as massas metálicas da edificação (tubulações, estruturas metálicas, etc.) ao sistema de aterramento para evitar diferenças de potencial perigosas.


  5. DPS (Dispositivos de Proteção contra Surtos): Componentes instalados na entrada da instalação elétrica e nos quadros internos para proteger os equipamentos eletrônicos contra surtos de tensão causados por descargas diretas ou indiretas.


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Diante das evidências técnicas e normativas, é fundamental que engenheiros eletricistas e projetistas priorizem o uso de Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) baseados em princípios reconhecidos e normatizados, como os métodos de Franklin e Gaiola de Faraday, conforme a ABNT NBR 5419.

A segurança de edificações e a proteção de vidas e patrimônios devem ser sempre a prioridade. Confiar em sistemas cuja eficácia é amplamente questionada e não respaldada pelas normas técnicas vigentes pode trazer riscos desnecessários. A correta especificação, projeto e instalação de um SPDA garantem a proteção eficaz contra os efeitos devastadores das descargas atmosféricas.


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Redação de Artigos

O conteúdo descrito neste site e páginas de redes sociais relacionadas a ele foram redigidos por Sabrina Levi Dmitriev.
 

Uma engenheira de minas e engenheira elétrica brasileira, apaixonada por desvendar os segredos da terra e da energia. Com um olhar curioso e uma mente analítica, explora as profundezas das minas e os labirintos dos sistemas elétricos, buscando soluções inovadoras e sustentáveis para o mundo.
 

Formação:

  • Engenharia de Minas [UNICAMP]

  • Engenharia Elétrica [PUC-SP]

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